quarta-feira, 22 de junho de 2016

Referencias








REFERENCIAS


Não sei ao certo quando tudo isso começou. Mas, em flashes posso me recordar de episódios que, de certo, contribuíram para os meus dias atuais. Eu tinha onze ou no máximo doze anos, e muito do que uma família sem recursos poderia fazer para educação dos filhos era comprar livros. Havia naquela época profissionais chamados de “livreiros”. Eram vendedores ambulantes que iam de porta em porta e ofereciam as famílias coleções de livros compostos de diversos temas, tais como: as plantas curam, medicina domestica, culinária, idiomas, literatura brasileira e estrangeira. Cerca de setenta a cem livros lotavam uma enorme caixa que era vendida em parcelas quase infindas. Pois bem, livros, não eram necessariamente uma prioridade no orçamento da nossa casa. Nem livros, nem roupas. A prioridade mesmo era comida, e as vezes, pelo menos o básico. Mas como eu era a única criança na casa. Sim, era filha única e cresci em meio adulto. Fui precoce em algumas coisas, a despeito do meu desejo. Então, como única filha e quem meus pais poderiam depositar alguma expectativa de melhoria de vida, resolveram então “investir” em sua única filha. Decidiram comprar uma coleção de livros, e, como era muito caro para os seus parcos recursos, juntaram-se a uma outra família para juntas adquirirem um “coleção de livros” daqueles livreiros. Minha mae era uma mulher pacata e não tinha nenhum talento para negociar. Dessa forma, na hora da divisão dos livros a outra compradora arrastou os títulos “mais interessantes” ao seu entendimento: as plantas curam, alguns sobre saúde, e literatura brasileira. O famoso Dom Casmurro foi junto nesta leva. Nunca o li. Sobraram os d idiomas, culinária e literatura estrangeira. Pronto, hoje me parece que essa divisão foi uma espécime de divisão entre o que eu era e o que eu viria a me tornar. Eu olhava os livros, em sua maioria sem nenhuma gravura, nada de fotos os desenhos. Eram livros volumosos, densos… e na minha pequenez não me sentia muito capaz de ler tudo aquilo. mas, o que mais que inquietava era a falta de imagens. Como poderia eu, aos onze anos ler um livro inteiro sem nenhuma figura? Bem, eu so poderia saber disso se tentasse. Uma sexta feira depois da aula, ao chegar em casa, decidi que faria minha primeira leitura, e, assim, a esmo, escolhi-a: “A Volta ao Mundo em 80 dias” de Julio Verne. Cada livro tinha no seu prólogo uma breve biografia do autor e um resumo das circunstancias históricas e sociais da época. Quase não consegui sair daquelas paginas. Nada interessante para uma garota de onze anos. Pois bem, vencido este primeiro desafio me debrucei através da aventura do inglês Fileas Fog e seu atrapalhado escudeiro “paspatour”, o “Fura-vidas”. Não sabia eu que três décadas depois eu estaria adentrando em Londres o mesmo local da aposta pela volta ao mundo em 80 dias. Foram menos de vinte e quatro horas de total arrebatamento por aquela leitura. Dali se seguiram Victor Hugo, dificílimo de ler. Heminway, Sheakspeare, Oscar Wilde, etc.. etc.. Pronto, a literatura me lançou da insignificância do rincão nordestino de eu eu estava para o mundo inteiro de descobertas. Fui crescendo e com a idade adentrando outros espaços. Com sacrifício do meu pai e do fundo para educação estudei toda minha vida escolar na mesma escola particular tradicional da minha cidade. Esta era uma escola técnica, com uma enorme biblioteca em estilo grego ao centro e agua com gás nas torneiras dos bebedouros, algo que nunca entendi. Diziam que ara para matar vermes nos nossos organismos. Não gostava na época, mas depois se tornou um habito para mim. Bem, Entre os quinze e dezesseis anos fiz muitos e novos amigos, em sua maioria rapazes que vinham de outros estados e de grandes escolas como as escolas Maristas e Liceu. Ah, vir d num Liceu era de certo uma autoridade em nosso grupo de adolescentes. Era tempo de ditadura militar e nos ouvíamos MPB e conversávamos sobre política. Abaixo a ditadura. Democracia Ja! Nos querias ocupar pelo voto direto os estamentos da política. Nos organizamos para lançar o primeiro estudante candidato a vereador da nossa cidade. Nos conversávamos sobre historia, países democráticos (não éramos comunistas), sobre eleições, sobre política, sobre geopolitica, sobre sociologia, antropologia, filosofia, sobre o universo, o cosmos, o alinhamento dos planetas, sobre o mundo, sobre a fisica,  a metafísica, ate sobre o que não sabíamos. Conversávamos sobre tudo. Buscávamos e criávamos ideais. As vezes utópicos, claro! Faz parte. Éramos “pensantes”. Estávamos todos entre quinze e vinte e cinco anos e nos sentíamos “o futuro”. Quando fizemos vestibular quase todos correram para os cursos de historia, filosofia e comunicação social… Hoje em sua maioria são professores doutores em universidades publicas. Éramos uma mistura equilibrada entre diferentes níveis sociais, intelectuais e artistas. Nos pensávamos que éramos mesmo “o futuro”, o futuro melhor do que a aquele que vivíamos. Depois do  segundo grau, técnicos ou científicos (eu sai técnico em contabilidade), fomos pulverizados no mercado de trabalho. Alguns casaram, outros mudaram-se e assim, nossa Sociedade dos Poetas Mortos aos poucos foi-se dissolvendo… E, a vida continuou, ficaram em mim o legado das canções da MPB, coisas da melhor qualidade, ficaram os discursos crédulos, os sonhos, a cultura popular, o teatro, ficaram as Musicas de Raul Seixas, Caetano Veloso, Geraldo vender, Chico Buarque, Elis Regina. Ficaram os Livros “Casa Grande e Senzala”,  “Os Sertoes” , “O Povo Brasileiro”… um legado de pensamento politico (tínhamos uma disciplina chamada OSPB-Osganizacao Social e Politica Brasileira, pasme!) e todos os hinos cívicos. Com a dissolução dos nossas utopias coletivas, e continuando a caminhada me senti sozinha e sem causa. Me senti meio sem sentido. Não havia muitos sonhos coletivos, entao, a busca pessoal começa a aparecer…Creio não ter passado dos vinte anos,  com certeza, com o estudo e agora o trabalho me sobrava pouco tempo e eu sentia falta da leitura. Comecei a buscar autores que pudessem ter um dialogo pessoal comigo, afinal, agora estava caminhando sozinha. Não recordo como escolhia meus livros, talvez pela síntese, entao, naquele instante um livro atingiu de cheio o meu peito: “Cem Anos de Solidao” de Gabriel Garcia Marques. Meus Deus! Creio que eu seja capaz de recitar capítulos inteiro daquele inquietante livro. Gabriel havia ganhado o Prêmio Nobel de literatura com ele em 1989. Mas isso pouco me importava! Naquele momento eu me sentia sozinha e o livro falava disso. Desses diversos tipos de solidão e de pessoas que se sentem sozinhas. Um marco para descoberta de minha infida solidão. Encontrei naquele livro todos os personagens que eu poderia ser qualquer um, deslocada tentando se adaptar, mas sobretudo, agora, sozinha.Tinha noites insones. Jose Arcadio Buendia, Remedios, Ursula… um infindo exercito de solitários. Cada um com sua solidão. Me descobri. Nunca mais fui a mesma. Todos os meu companheiros estavam ali naquela fantástico enredo. Eu não estava sozinha, so quando não estava lendo. Ficou difícil ler outras coisas. Ah, um dia tentei ler Dom Casmurro, tinha vergonha de dizer que ainda não havia lido Machado de Assis. Não consegui terminar. Nem Jose de Alencar. Ja estava adulta, passados os vinte e um anos e os sentimento de solidão que somente se assemelhava aos personagens de Gabriel Garcia Marques persistia… Um dia ganhei um livro novo. Um livro usado comprado em um “sebo” (adoro sebos - que são lojas de livros antigos). Era uma novela. Era Fiodor Dostoievsky. Desta vez, não foi meu peito, mas meu cérebro ficou atordoado! Noites Brancas! Nastenka e aponte de Sao Petesburgo!!! Era o encontro comigo. Eu poderia ter escrito aquele conto, com a riqueza de detalhes externos e endógenos, daquele, daquele, taciturno e solitário homem russo. Rude consigo mesmo, frio, denso, tenso e complexo. Não acreditava do que lia. Comprei um livro com sua biografia e fiquei mais chocada ainda. Chocada! Que mundo era aquele! Maior e mais complexo do que o meu! Dali por mais alguns anos Dostoievsky foi meu companheiro de alcova, de cabeceira. Com a vida adulta, e muitas outras atividades e responsabilidades que s seguiram um dia me senti soterrada. Soterrada e oprimida por muitas e muitas coisas. Muitos fatos, muitos atos… Deu branco. As aventuras literárias ja não cabiam. Não tinha mais utopias, complexidades surpreendentes, e, pior de tudo, não tinha tempo. Ter tempo para ler algumas paginas era um luxo raríssimo. Quase não lia. Somente suportava tudo. A vida e seu curso. Tudo era opressor e essa opressão durou ate ler Friederic Nietzche! Claro que Sigmund Freud e Carl Jung vieram antes, mas nenhum foi como Nietzche! Foi libertador! Não tive o peito tocado nem o cérebro balançado, agitou-se minha alma, inquietou-se meu espirito. Nunca mergulhei tao fundo em mim mesma! Me revirei do avesso. Me refiz, e nesse refazer me veio a segurança, me veio a paz. Pode ate parecer antagônico que ler Nietzche possa trazer paz a alguém! Mas o mergulhar em si mesmo tar paz… paz… e solidão. Sem discernir ao certo minha odisseia pessoal veio de mundos solitários, complexos e profundos, formando em mim mesma uma pessoa profundamente solitária. Claro que ao longo desses anos desenvolvi um personagem para o convívio social. Não sou muito boa nisso. Se nos compreendem solitários mais solitários seremos. Na maioria das vezes sou extrovertida, falastrona e estou sempre interagindo com tudo e todos… ledo engano, eu vivo, mesmo, na plenitude da minha solidão. Não que eu queira. Isso tenho por encargo não por desejo. Toda essa odisseia me deixou meio que mutilada para outros convívios. Não tenho pares para as conversas que gosto. Para as coisas que aprecio. A maioria esta em rota de vida diferente da minha. Esses dias mesmo estava conversando com um amigo que mora distante.Nos conhecemos ha cerca de cinco anos e estávamos planejando uma viagem a Portugal. Este amigo eh a pessoa com o currículo Lattes mais “recheado” que eu conheço. Tem dois cursos de Pos Doutorado no exterior, “trocentos” artigos científicos publicados em revistas cientificas internacionais, o cara eh matemático, analista de sistemas, escritor coordenador de cursos de mestrado e doutorado… Ufa! Ela e de longe o cara mais intelectual que conheço!, Mas em nossa conversa ele me disse que sou muito analítica e filosófica. Ufff…. Nem soube o que dizer na hora… fiquei so pensando que em uma cerca ocasião fiquei três horas ouvindo ele me explicar um determinado teorema matemático e sua relação com os algoritmos da mineração de dados… Ahhhhhh….. Não sou muito boa de ouvir, so se tiver uma taca de vinho tinto nas maos… Me senti confusa com aquela observação mesmo ele me explicando que por ser um homem dos números e eu das ciências humanas para ele não era fácil me entender… ahhhhh…. Explicado. Em suma, ao longo dos anos contrui um mundo tao particular como uma torre encastelada . Minhas virtudes de vida também são meus algozes para um mundo onde fala-se de quase tudo menos dos fundamentos de tudo, menos da historia de tudo. Quase ninguém traz conhecimentos anteriores. Tudo eh flash, eh fast, eh food. Tenho dioturnamente a sensação de estar no lugar errado, na época errada. Minhas referências que produziram em mim mudanças significativas de vida me trouxe o ônus do isolamento por mais esforço que eu faca… E, para finalizar cito aqui uma frase de um grande amigo meu, que num dia de outono, sob a fina chuva, os dois, eu e ele fugindo dos muros de um seminário as escondidas apenas para podermos conversar (era proibido), ele virou-se molhado de chuva e me disse : - Glacy, eu jamais quero perder a capacidade de compreender o mundo em que eu estou vivendo. Filosofamos juntos ali na chuva. Não estávamos sos.






domingo, 5 de abril de 2015

A dança em volta da fogueira




A DANCA EM VOLTA DA FOGUEIRA

Depois que Augusto partiu, fiquei sem rumo e me refugiei no longínquo e árido deserto, e, sedenta e quase sem vida fui resgatada pelas mãos generosas de um bando de ciganos, que me saciaram a sede, me alimentaram e me permitiram estar e aprender com eles. Sim, aprender. Conviver com eles foi escolher aprender. Aprender novas coisas, novos hábitos e aprender sobre novas pessoas. Embarquei com aquela caravana de gente sem rumo, vivendo um dia de cada vez. Como tudo era diferente do que eu fazia e conhecia envidei esforços em ter atenção a tudo em minha volta de forma que pudesse entender o que aquele nova forma de viver exigiria de mim. Trabalhamos muito montando e desmontando acampamentos, deslocando as caravanas, buscando um novo rumo. Carregávamos sempre conosco nossos pertences, nossa tenda, nossa casa, e nossa historia. Quase nada quiseram saber de mim. Não precisei contar minha historia, bastava segui-los. E eu os segui. Ouvi muitas historias de andanças mundo a fora. Alguns da caravana eram muito sérios, pareciam mal humorados. Outros, eram sempre brincalhões, fanfarrões, mas nunca se negavam a qualquer trabalho que fosse. Homens e mulheres estavam sempre ocupados com a ordem e a organização do acampamento. Mudei minhas roupas, sentei e comi com eles todo esse tempo. Ouvi suas historias, sorri e trabalhei com eles. No entanto em meio a todo essa rotina pelo menos uma vez por semana aquelas pessoas se reuniam para uma espécie de “ritual”: A DANCA EM VOLTA DA FOGUEIRA. Nesses dias, geralmente aos sábados, todos vestiam roupas coloridas e brilhantes de festa. Usavam adornos e expunham todos os seus instrumentos musicais. O bandolim era o meu preferido, de som agudo e profundo, aos meus ouvidos, era o que mais me encantava naquelas festas. Nesses encontros todos dançavam com todos durante toda a noite. A fogueira era sempre o centro, como se tudo girasse em torno daquela chamas, como se a vida estivesse naquela chama, como se a alma de cada uma daquelas pessoas estivesse naquelas chamas… Mesmo que aquela celebração semanal fosse algo diferente para mim que conhecia apenas  pacatas diversoes, fiquei encantada com a musica, o riso e a disposição das pessoas para aquele ritual, então… me entreguei a diversão também, fazia parte do aprendizado! Numa dessas noites dancei com um cigano, de olhar profundo, de braços firmes e elegante bamboleio ao dançar. Ele parecia magico! Era sereno e discreto naquele ambiente e me fez flutuar durante quase toda noite em volta daquela fogueira.  Aquela experiência nova me pareceu agradável. Os sons eram profundos e complexos, as musicas exprimiam afeto, sentimentos… exprimiam amor. Em suas letras cantavam saudades, separações, sonhos, e claro, cantavam encontros e ilusões. Era um ambiente sensual e romântico, o que me parecia ideal para que os homens e mulheres daquele acampamento se aproximassem, se interessassem e desejassem se conhecer mais, e assim, como o curso da vida, decidissem por uma mesma tenda. Mas não foi o que observei nas vezes que estive nessas celebrações em volta da fogueira. Ao que parece a chama flamejante era a da própria fogueira. A chama era externa. A chama em si mesma. Como símbolo de o que talvez devesse estar dentro dos cantantes e dançantes daquele excitante ritual. Tal foi minha observação de que aquele ritual, ao invés de encontros, consistia em celebracao da solidão de cada um daqueles que dançavam em volta da fogueira. Enquanto dançavam todos aparentavam um aspecto  de concentração e felicidade, mas ao fim da musica, cada um ia embora para sua tenda, geralmente sozinhos como chegaram. Ao findar a musica e apagar a fogueira era como se também apagasse aquela chama de paixão flamejante que parecia existir no centro do acampamento. Voltavam todos para os seus afazeres e sua rotina. No dia seguinte parecia que nada tinha acontecido. Parecia que não havia nenhuma novidade na vida de cada um dos sensuais e amantes dançarinos em volta da fogueira. Enquanto dançavam pareiam que todos buscavam um mesmo sentimento e ao fim era como se nenhum deles tivesse encontrado. Ao mesmo tempo que eram corajosos e sensuais na dança em volta da fogueira, fora dali, pareciam tímidos e inseguros, temerosos, cauteloso, precavidos, e toda sorte de proteção com aquilo que a vida poderia fazer com seus sentimentos. Pareciam inseguros e desconfiados, e em nada refletia a luz de paixão que reduziam em seus semblantes quando estavam dançando em volta da fogueira. No dia-a-dia faltava chama. Faltava chama como se faltasse paixão, como se faltasse coragem, como se faltasse amor, ou como se isso tudo estivesse sufocado pela insegurança e pelo medo de ser infeliz. O cigano com quem dancei numa dessas noites, o que tinha olhar profundo, braços firmes e elegante bamboleio ao dançar, sereno e agradável, assim o foi durante a dança, me convidando para sua tenda e me apresentando um pouco mais do que era. Foi muito agradável, era como se a chama da fogueira tivesse nos acompanhado pelos dias seguintes,  mas, não durou quase nada, e logo , ao me pareceu, seu medo, sua insegurança e a indiferença, a sua rotina e sei la mais o que deixou opaco reflexo da chama da fogueira na qual dançamos a sua volta… de forma que em outra ocasião cada um de nos estava dançando novamente em volta daquela fogueira. Não consegui entender ao certo, como todo aquele ritual não conseguia liberta enfim as almas e os corações dos que ali dançavam, porque as chamas daquela fogueira não lhes aqueciam a alma e por isso, repetidamente estavam ali, reproduzindo aquele ritual, externo, por talvez não ser possível realizar no interior de suas almas e de seus corações. Quisera eu poder substituir os medos da infelicidade, do sofrimento por desilusões amorosas e as inseguranças e colocar no coração e na alma de cada homem e mulher em volta daquela fogueira um pouco de chama, chama de paixão, sem medo, com entrega, com o risco de ser feliz, com a emoção de tentar dar certo, e de conseguir dar certo! Talvez nunca mais volte a dançar em volta daquela fogueira. Não gostaria de ficar dependente daquele ritual simbólico de paixão. Quero a chama ardendo dentro do meu peito, com todos os meus medos e correndo todos os riscos de ter  a minha alma quente de paixão que não se apaga como aquela fogueira onde todos dançam ao seu redor e vivem seus dias sozinhos. Quero o ardor do fogo e o som do bandolim me arrebatando de felicidade e prazer num leito de uma tenda iluminada!


sábado, 7 de fevereiro de 2015

Rituais: Cafe, cha e vinho.

Sao quase onze da manhã. Hoje ‘e sábado e as crianças não estão em casa. Então, indiferente a que horas da manha marca o relógio, dou inicio a um pequeno ritual: o ritual do cafe. Preparar e apreciar uma xícara de cafe ‘e como um ritual para mim, mesmo na correria do dia a dia ante de ir ao trabalho. O ritual do cafe me remete a reflexão da vida, do dia-a-dia, da existência humana, das decisões e de uma vida pratica. Tem um “que” de racionalidade. De realidade. De amargor e de dulçor. De cotidiano. Quando o realizo de forma artesanal, vejo sentido em casa ato. Separar os utensílios, esperar o ponto de aquecimento da ‘agua, preparar o filtro, planejar com cuidado e segurança a inclinação da chaleira. Então o aroma intenso, vibrante, real começa dar o tom. E vou sentindo aquele cheirinho de dia-a-dia, que pode exigir da gente mais ou menos açúcar. Talvez adoçante. Ou talvez sem nenhuma doçura. Se vamos encara-lo puro ou com leite para deixa-lo mais ameno. Gosto da forma didática de tomar um cafe, porque ele sempre me faz esperar “o ponto certo” para aprecia-lo. O cafe exige de nos um certo tempo, como algumas coisas na vida. Tempo que as vezes nem sabíamos que tinhamos. E, enquanto diminui um pouco a temperatura podemos pensar… Sim, apreciar um cafe para mim eh um momento de reflexão. Um exercício poético de racionalidade. Da mesma forma, se o preparo numa moderna cafeteira elétrica, também observo o processo e, espero… espero o ponto, a medida da agua, a pressão (bar) empregada, ate que o aroma me conduza as reflexões que se seguirão.

Semelhantemente, também tenho o meu ritual do chá. Mas este ‘e diferente. No horário, na preparação e nas sensações produzidas. Para mim, preparar um chá ‘e como receber uma amigo em casa. Tomar um chá ‘e como fazer ou receber  um carinho. Me remete a infância, quando frágil e doente  sentia aquele cheirinho de chá que vinha da cozinha, e depois apresentado geralmente acompanhada de dois biscoitos. O chá faz bem a crianças e idosos. O que eu mais gosto no chá ‘e a riqueza de possibilidades, de cores, aromas e sabores. O chá pode ser medicinal ou terapêutico. Parece que foi feito sempre para o bem estar de quem o toma. O ritual do chá inicia-se na busca do que queremos experimentar ou do que necessitamos. Se queremos relaxar começamos a imaginar que ervas poderíamos combinar, ou alguma erva especial que desejamos. Podemos preparar chá de ervas, de frutas, de folhas, de cascas, de galhos, de sementes…etc… O chá me traz saudade. Como o processo geralmente eh mais demorado, enquanto o preparo começo a pensar nas pessoas que amo, nos sonhos que tenho, nas boas lembranças, e nas coisas não tão boas, mas que felizmente ja passaram. Penso em entes queridos, pessoas que conheço. Gosto de compartilhar um chá e uma boa conversa.

Inicio meu dia com um cafe, para me preparar para a jornada. Para encerrar o dia, sempre que posso preparo um chá. Este,  no fim da tarde, porque `a noite… ah, a noite… esta pede um terceiro ritual: o VINHO.

Confesso que nem sei como discorrer sobre esse complexo, raro e fantástico ritual devido as nuances de representatividade pra mim. As vezes pode ser longo, ou curto, de apenas uma taca. Depende do dia, do  momento, do sentimento, da companhia ou da falta dela. Degustar um vinho as vezes eh feito numa atmosfera de grande complexidade e prazer. Pode se dar no âmbito da preparação de uma refeição mais elaborada, ou apenas em algum modesto acompanhamento. Pode ocorrer com uma muito agradável companhia, ou apenas na companhia de uma boa musica, e as vezes somente com a luz do abajur ao lado da poltrona. Pode ser apreciado solitariamente ao som de Chopin ou acompanhado romanticamente de algumas baladas românticas francesas ou italianas, ouvindo tango, fado, Wagner… Sei la! rsrsrs Podemos degustar um vinho envolto por uma animada conversa, ou apenas no silencio de alguma teimosa lagrima. Dependendo do dia, do sentimento e da companhia, escolhemos uvas diferentes, temperaturas diferentes e corpo diferente. Minhas preferidas são  a intensa Shyraz e Pinot Noir. Um dia preferimos os brancos, noutros os rosas, noutros os tintos. Se faz frio( aqui nunca faz frio) excelente, perfeito! Se faz calor, refrigeramos. mas se o dia pede vinho, esse dia ‘e magico! Gosto de algumas frases que li por ai em algum lugar sobre os vinhos (jargões? Talvez sim. Todas. Mas isso não faz diferença pra mim): “O vinho ‘e um estado biológico entre ser suco e ser vinagre”, o que me parece algo vivo e equilibrado. Atribuem a Napoleão Bonaparte uma frase mais ou menos assim: “O vinho nas vitorias eh bem vindo, e nas derrotas, necessário”. Não sei se ele ou outro disse, mais gosto do sentido. Também ja ouvi algo como : “algumas companhias são tão boas que não precisamos de vinho, e alguns vinhos tão bons que não precisamos de companhia”… extremos, claro!   Ate pela função do álcool eh natural, que, na proporção adequada (sem exagero, sempre) o vinho me traduz felicidade, amor e… espiritualidade. Sim, sim, sim.  Costumo dizer que tomar um bom vinho ‘e como beijar… (outro exagero, dessa vez, de minha autoria…com licença da poesia rsrsrsr), e, que, ele nos torna mais perto de Deus. Sem muito filtro de racionalidade, depois de uma taca posso conversar mais tranquila sobre qualquer assunto. Não sei se eh porque geralmente quando paro para apreciar um vinho estou desprendida da maioria das coisas… Então, estou em preciosos momentos de tranquilidade, ou apaixona, claro! rsrsrsrs Tenho muito boas lembranças de momentos de degustação de vinho. Alguns deles de uma solidão necessária, outros de importantes celebrações e, sim, claro, alguns de muito amor e de muito carinho e cumplicidade…

Saude!


segunda-feira, 21 de abril de 2014



O LIVRO DA SOLIDAO

Não sei ao certo desde quando conheço a solidão. Tenho a impressão que desde sempre. Antes mesmo de conhecer qualquer outra coisa. A mim me parece que a solidão e a melancolia se formaram em mim assim como os meus orgaos se formaram. Existem antes de mim e de certo continuara existindo. Me recordo que na mais tenra infância desenvolvi uma mente criativa para diminuir sua presença. Ter imaginação sempre me custou muito caro, passei a não ser compreendida, o que eh comum uma criança ansiosa em meio a adultos e seus problemas. No entanto talvez ninguém nunca soube o porque de tanta imaginação, e talvez jamais pudessem imaginar o quanto dependia dela para existir. Cresci num mundo meio estranho pra mim. Alias, eu era a estranha ali. Era diferente, física e emocionalmente diferente. Isso produziu medos, inseguranças e diminuta autoestima. E na solidão de ser diferente a criatividade me tornava igual. Inventei mil personagens. Inventei crianças saudáveis quando estava doente. Inventei noites de natal e presentes imaginários. Inventei família, irmaos, inventei ate afeto. Inventava qualquer coisa que pudesse atenuar as faltas e os dissabores. A fantasia era a fuga de uma realidade que, naquele momento eu não podia mudar. E era na solidão que fui me formando, sem saber ao certo no que ia dar. Aquilo se tornou um habito, a solidão e a imaginação. Uma dependia da outra e eu, dependia de ambas. Quando percebi, tinha crescido, e sem ter orientação de como seria crescer, cresci da mesmo forma que fui criança, solitária e criativa, e sobretudo dependente das duas coisas. Continuei inventado personagens, inclusive o meu personagem de sobrevivência. Imaginei que talvez fosse mais agradável ser extrovertida e bem humorada ao invés de declarar minha melancolia, meus medos e minhas inseguranças. Fui tomada desde entao de inconveniente e falastrona. A tagarelice nunca foi bem tolerada, sejam dos criativos, dos carentes ou dos filósofos. Não seria diferente comigo. Esse personagem nunca agradou a ninguém, a não ser a mim mesma. Isso porque nas tiradas bem humoradas eu sentia liberdade, em nome de ser “espirituosa” para emitir pensamento verdadeiros pra mim. Nunca tive talento para parecer simpática. Nunca fui esteticamente simpática (beleza física ajuda, e muito), nem desenvolvi um temperamento que me favorecesse nem ao menos fingir simpatia, e porque não dizer: nunca fui ensinada a medida da simpatia. Havia muita ocupação nos adultos para que pudessem ensinar uma criança os modos e as medidas de uma vida mais suave, menos intensa, talvez.  Não que eu não seja, entendo-me simpática, assim como também o sou de notável inteligência, o que talvez tenha se perdido seja a medida, que so com minha mente criativa não pude descobrir por mim mesma na falta de quem me ensinasse. Entao, acabei repetindo meu “modus vivendi” e recebendo em criticas todos os riscos da escolha. Na minha solidão, ficava me perguntando, porque aquilo não tinha dado certo? Pensei que parecer feliz pudesse ser bem mais agradável do que demonstrar a profunda tristeza com a qual convivia. No meio do caminho encontrei os livros. Ah, eles me foram libertadores! Pude conhecer outros criativos como eu, solitários como eu, e românticos como eu. Conheci personagens tristes e conheci personagens felizes. Conheci filósofos, poetas, escritores leves e outros densos, complexos. Estes foram meus silenciosos amigos, e com eles eu dividia minha realidade escondida. Mas isso demorou tempo demais, se tornou um habito, e eu me tornei dependentes de todos estes personagens conhecidos nos livros. Me tornei chata. Conversava e apreciava coisas que muita gente, no mundo em que eu vivia,  nem sabia que existia. Me tornei uma adulta solitária. E, como daria muito trabalho para inventar uma  personagem adulta para me tornar mais aceitável, repeti a personagem da infância, sim, aquela “espirituosa” . Nunca deu certo. E recebi em criticas todo o risco da personagem. Ainda assim, eu precisava sobreviver de alguma forma, e eu sabia que não seria demonstrando minha solidão e melancolia. Tentei remediar a personagem e me tornei uma maquina de trabalho. Um “burro de carga “. Na época trabalhar cedo era o mais nobre a se fazer, independente do que fosse o trabalho, era necessário  trabalhar para sobreviver e ser respeitado, nem que fosse varrendo a rua, a família esperava isso e não hesitavam em nos empurrar aos ofícios do sustento. As vezes nem sabiam em que serie estacamos na escola, no entanto, conheciam o quanto éramos capazes de ganhar com o trabalho e ajudar no sustento. Eh, parece que pude ser um pouco mais aceita quando comecei a pagar contas. Tive que aceitar que para isso perdi convívios que somente mais tarde percebi que eram importantes. Cultivei muitas responsabilidades, preocupações e poucos amigos. Sobretudo o trabalho precoce me tirou aos treze anos muito do necessário convívio familiar e dos sentimentos da adolescência. Mas naquele momento era o melhor a fazer, e eu fiz. Mais tarde, tive que procurar dentro de mim esse convívio e esses sentimentos. Nunca consegui fazer isso sozinha, mas tentei… e ainda tento. Segui meio perdida, e menos criativa com o passar dos anos, tinha passado a fase infantil e as obrigações e preocupações da vida adulta me limitaram as fantasias e assim minha capacidade criativa quase foi extinta. Mas ainda assim, eu precisava sobreviver. Com a vida adulta tive que lidar com outras necessidades (alem do sustento, claro!). Tive necessidade de afetos. De toda sorte possível. Mas, ter necessidade de amor foi a grande dificuldade. Ah, não, isso eh injusto! O mais dificil não foi ter necessidade de amor… não, não foi… foi encontra-lo… não, não foi, não estou sendo sincera aqui… espere um minuto para que eu me recomponha…  o mais dificil foi …
RECONHECE-LO.  

Tive que pensar um pouco antes de escrever isso. Eu ia escrever que o mais dificil foi ACREDITAR no amor, mas no fundo, eu acredito sim no amor, eu so não sei, nunca aprendi, não experimentei RECONHECER o amor. Meu melhor lampejo de criatividade não foi capaz de me ensinar o que seria isso. Entao eu tive que ir inventado o que seria amor ao longo da minha vida adulta. A cada conceito construído e confrontado com as experiências, fui aprendendo que aquilo não era amor. Colecionei relações “amorosas” confiando em cada uma delas, e obtive uma sucessão de abandonos, alguns voluntários, outros não. O mais cômico nisso e que o que mais aprendi do amor foi com homens que me abandonaram, e eles, mesmo me abandonando me afirmavam amor. Ora, no meu intimo eu jamais abandonaria quem quer que eu amasse. Entao, juntando-se a experiência com a capacidade de refletir, entendi que todos os que me abandonaram, na verdade nunca me amaram. E isso teve uma conseqüência obvia: passei a acreditar menos nos amores afirmados, passei a abandonar todos que me abandonaram, inclusive aqueles a quem algum dia pude amar. Passei a ame esforçar para esquecer qualquer coisa que tenha sido boa, mas passageira. Foi um esforço hercúleo. Junto com isso construí um novo conceito: quem ama não abandona, entao, eu saberei que sou amada com alguém que escolha ficar ao meu lado, e amarei aquele que eu também escolher estar ao seu lado. Parece que agora ia funcionar, ate que, na solidão que me faz companhia na vida me trouxe um terrível realidade: o que eh ser escolhida? Homens escolherem mulheres por motivos diferentes, uns pelo curso natural de sua espécie “macho”, outros pelas conveniências da vida, sejam sociais, religiosas… e alguns, creio eu, devem escolher pelo coração. Talvez algum homem escolha uma mulher para ama-la. Isso mesmo “para” ama-la. Conheca nela não virtudes de conveniência, mas de afinidade de almas. Uma pieguice talvez. Não importa. O que importa aqui pra mim eh a ESCOLHA. E para mim, ja testei muita coisa, muitos comportamentos, e a mim me parece sensato pensar, que não existe regras para que pessoas escolham outras para amar, ou seja, as pessoas não amam baseado em regras, mas em sentimentos que talvez elas mesmas não compreendam. Eu não compreendo o amor. Não compreendo porque acredito que ele exista, não compreendo porque ele me faz tanta falta, assim como também nunca compreendi a inércia de alguém que afirma amar. A mim “o que se faz fala tao alto que quase não eh possível ouvir o que se diz com os lábios” .  Eh um ciclo aberto, talvez o seja eternamente esse sentimento adulto de uma mulher de poucos afetos, mas nesse limbo emocional da vida adulta a solidão me fez companhia o tempo todo, e em alguns momentos de conforto e tranquilidade da vida, inventei amor, personagens pintados numa mulher atenciosa, bem humorada e cuidadora daquele que eh seu afeto no momento ( de certo, assim como outros, esse também passara).   Devotei a esses “afetos passageiros” como vagões de um trem envelhecido, alguns dos meus bons e escondidos talentos. Devotei-lhes minha rara beleza elaborada, meus tesouros em forma de bons perfumes, minha conversa ora culta ora poética para entrete-los (e encanta-los), dediquei-me a elaboração de momentos quase mágicos de jantares bem elaborados, bons vinhos e boa musica, e claro, seguidas de uma boa noite de… sonhos (depois da diversão, claro!). Devotei-lhes uma percola de tempo considerável de uma rotina extenuante. Mas acima de tudo isso, dei a cada um dos “vagões”  minha criatividade, minhas fantasias, minha solidão para que pudessem desata-las, e como quem recebe a chave de uma prisão pudesse libertar um condenado a solidão. Solidao daqueles que não terão uma segunda oportunidade sobre a terra. Mesmo assim, recebendo o poder de dar-me a liberdade estes não escolheram me libertar. E eis que, a solidão eh parte de mim, eh o meu vinculo comigo mesma, e por ela, seja com a criatividade infantil ou com os rebuscados conceitos aprendidos nos livros, eh com ela a SOLIDAO que dou vazão aos sentimentos que me habitam, hora de melancolia, hora de tristeza, ora de desespero ou esperança ou… de SOLIDAO, como agora.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Uma carta para o meu primeiro amor



Hoje, me surpreendi me lembrando de algumas coisas. Coisas do tempo. Me lembrei de quando completei 19 anos. Naquele dia ganhei um presente muito especial. Um livro. Um livro escrito a mao, que recebi menos de 10 minutos depois de ter sido finalizado. Naquele dia recebi musicas, poemas, desejos de felicidade... Durante anos recordei cada figurinha ali colada, cada musica escolhida e algumas delas sao indeleveis com o tempo. Lembro de ter recebido de presente nesse livro as letras das musicas Michelle, Only You, Unchained Melody, Smoke Get in You Eyes, dentre algumas outras, e destas a musica You Make Me Feel Brand New talvez tenha a que eu mais tenha ouvido ao longo dos anos, depois de Vento no Litoral, e claro! Entao, ouvindo agora Autumn Leaves e You Make Me Feel Brand New, desejei te escrever uma carta. Naquela epoca, nao haviam ilusoes em mim, eu era como um pequenino barco. uma canoa ao sabor do rio. Um barco que tinha o coracao como leme. Se eu tivesse que fazer uma distincao no tempo, hoje me sinto como um transatlantico. Talvez eu tenha ficado solida demais.  Eu nao entendia muita coisa, tinha todas as duvidas do mundo e aunica coisa que eu podia fazer era sentir. Depois disso, quase tudo , senao tudo que vivi foram quase que reproducoes daquele tempo. O que restou de cada nova oportunidade foram musicas, as demais coisas, presentes, declaracoes de afeto, tudo passou como livros escrito manualmente em folhas de papel. Duram pouco, pois logo somos capazes de reescrever novos poemas e dedicar novas musicas. Ao longo desses anos desenvolvi um amor como o dos poetas. Um amor que existe no papel. Uma amor de inspiracao para a arte. Nao conheci o amor que fica, que vive, que eh real. Real eh a vida. Nao o amor. Pode ate parecer ceticismo, mas nao eh. Nao existem barcos que possuem o coracao como leme. Barcos sao barcos e sao conduzidos por instrumentos solidos, e precisamente calibrados para cumprir sua funcao de dar direcao, e,  se possivel, a melhor direcao. O que mais aprendi ate aqui foi que,  eh muito sabio entender o tempo, perceber aquilo que o sabio ja tinha observado “Que ha tempo para tudo debaixo do Sol” .  Eu tive o meu tempo, e dele aprendi sobretudo, que tudo passa. Ate o amor. Eu pensei que nao passasse. Por ano esperei que ele passasse, e ele nao passou. Depois esperei que ele viesse, e depois que ele ficasse. Entao, o amor nao veio, nao ficou e passou. Nao, nao eh um trocadilho, nem uma brincadeira com as palavras. Eu passo pelo tempo, e apesar de tudo, uma verdade eh que, aquilo eh dito, desejado, escrito, tudo isso passa. Eu gostaria que nao fosse assim, mas assim o eh. Hoje, se recebos poemas, presentes e felicitacoes, recepciono tudo  como coisas passageiras. Muita coisa passou por mim, por dentro e por fora, eu acho que apenas eu fiquei. Fiquei e entendi a vida. Entao, as palavras que escrevo agora sei que tambem irao passar, mas eu as escrevi quando desejei e envio a voce porque voce foi a inspiracao, ou talvez, fui inspirada pelo homem que  voce era naquele tempo, quando eu tinha 19 anos.



P.S: O texto vai ser correcao por dois motivos, um: estou usando uma versao do office para Mac e ela nao tem em portugues. Dois: se eu for corrigir manualmente vou apagar cada palavras. Isso acontece sempre. Se eu escrever e for ler ou corrigir o texto eu me arrependo. Entao, vai assim mesmo! rsrsrsrsrs

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Transbordo

E no fim do dia, hoje, eu desejei mil coisas. Hoje eu desejei tomar banho de chuva, andar descalça. Desejei pintar um tela, pintar as paredes no meu quarto ou escrever um poema com grafite em algum muro, em alguma esquina... Hoje eu desejei prepara um jantar, abrir um vinho, ouvir um música antiga... Desejei tomar um banho morno e escrever no
vidro embaçado do box. Hoje, a minha alma transborda, e os sentimentos se movem como um rio para a cachoeira. Há dias que sinto minha alma tão grande que parece que vai implodir meu corpo. Sao os dias em que o casulo calcificado impede a borboleta de sair.