quarta-feira, 23 de maio de 2012

Plano de Viagem

Ah, que vontade de viajar. De ter apenas uma pequena e leve mala, papel e caneta como companhia e, viajar... viajar. Queria ir para algum lugar bem distante, desconhecido, de preferência. Quero ir me confinar em algum pequeno espaço frio da Escandinávia, para o deserto do Atacama, perambular pelas ruas de Buenos Aires, ou talvez me sentar e observar o Sena. Quero escrever. Rasgar as folhas e tornar a escrever as mesmas coisas. Quero me fazer companhia. Falar comigo, me ouvir, me compreender. Costumo dizer que eu adoro minha companhia!!

Quero limpar minha mente, fugir da pressão, do tempo, da ansiedade. Quero quebrar todos os relógios que tenho. Contar o tempo pelo nascer e o pôr-do-sol. Dormir cedo e acordar tarde. Ficar em silêncio, sem precisar falar. Quero escolher um livro bem volumoso, sentar numa poltrona próximo a uma pequena janela e ali mergulhar. Outro mundo. Um mundo de ninguém. Nem meu.

Quero viajar e conhecer pessoas diferentes, lugares diferentes. Novos aromas, novos sabores. Quero sentir uma brisa mais amena. Menos calor, mais frio. Quero andar descalça dentro de casa,  fazer uma café ou um chá... divagar, divagar. Sim, quero viajar.

Quero pegar um trem, olhar as monstnhas pela janela. Olhar ao redor e contemplar apenas desconhecidos e assim senti saudades de todos aqueles que conheço.

Quero passear de gôndola em Vezena, sentar em alguma praça no outono. Quero preparar minha própria massa e tomar meu vinho.

Quero dormir e acordar, ler e escrever. Calar e pensar. Sim, quero viajar.

Se bem que para essa viagem eu nem preciso sair de casa!

Sonho de Ícaro

Sou encantada por mitologia grega. Pela humanização das figuras dos deuses. Pela teia didática das analogias na história das relações dessa divindades. Fiquei encantada pela ousadia do jovem Icaro, filho de Dedalo, ao construir para si asas de cera e assim, voando, fugir daquele terrível labirinto. Sua previsível imprudência, a mim, parece menos interessante do que sua ousadia e coragem. Invejo-o. Desejo tecer asas de cera e voar, subir... Muitos desses contos nos ervem apenas de inspiração. Que pena!

Arte Abstrata

Já há alguns dias estou com muita vontade de escrever. As vezes do nada, me vêm a cabeça, títulos, temas, textos, reflexões, e como estou soterrada de obrigações compulsórias de uma agenda "normal" dos mortais modernos, tenho adiado meus posts. Pelo menos até que eu consiga organizar as idéias.

Nesse turbilhão de obrigações, inspirações e reflexões, hoje estou me sentindo como uma ARTE ABSTRATA. Uma daqueles quadros multicoloridos pendurados em alguma parede branca ou preta de uma silenciosa galeria, onde, diversos outros seres humanos se detém diante dele e ficam imaginando: o que será isso? Porque as cores? - ou a falta delas?. Há dias que estou multicolorida. De idéias de sentimentos. Outros, estou preto e branco. Os mais difícies são aqueles em que estou apenas rabiscos desconexos de cor cinza sobre um fundo preto. O  mais interessante de se sentir uma arte abstrata é a liberdade de ser, mesmo sem ser compreendida. Ou mesmo sendo-a diferentemente do que se realmente é. (Putz! acho que viajei na filosofia. Faz parte!).

Sentir-se ARTE ABSTRATA está diretamente ligado à compreensão ou a falta dela. Assim como já me deparei com quadros totalmente incompreensíveis pelo meu pensamento judaico-cristão-ocidental, sei que as vezes também sou assim observada. Claro! Assim como também já elaborei conceitos e justificativas para tentar explicar aquilo que nem eu mesma entendia, assim também sei que sou passiva da mesma observação.

O místico, o divido e sagrado de ser um espécie de arte abstrata humana eá liberdade de ser. SER, complexo, abstrato, simples, básico, clásico ou cinza.

Quem produz um quadro abstrato quase nunca conhece o olhar dos seus apreciadores, e, de certo, nem mesmo quem o elaborou o sabia porque o fazia. A ARTE DE SER, ABSTRATO OU NÃO.

Sem que seja preciso perambular por alguma galeria, basta me olhar no espelho, e eis ali exposto o meu quadro multicolorido e simplemente mágico quando se observa de perto, são apenas rabiscos em preto e branco.

domingo, 13 de maio de 2012


MATERNIDADE

Cedendo aos apelos do "segundo domingo de maio" - Dia das mães.

Nunca entendi a  frase: "ser mãe é padecer no paraíso". Talvez porque nos ensinamentos religiosos o paraíso jamais seria um lugar de padecimento... Mas ser mãe e padecer, tem uma relação muito estreita (rssss).
Se fosse abordar aqui aspectos da maternidade, com certeza não seria apenas no segundo domingo de Maio. Seria um post por dia. Ou dezenas deles. Somos mães todos os dias (e noites), 24, 26, 30 horas!!! E existem muitas, muitas diferenças mesmo de uma mãe para a outra. A variação depende da idade, do contexto cultural, afetivo, e circunstancial. No meu caso, então, tive quatro gestações, uma interrompida naturalmente aos tres meses e tres gestações completas. Não chorei de emoção com o nascimento de nenhum dos meus bebês. Não que não me faltasse emoção para isso, mas é que havia preocupação, muita preocupação. Preocupação com o tratamento neonatal, com a saúde, com a recuperação, e, claro, com a responsabilidade! As vezes fico pensando que as pessoas acham que quando a gente tem um bebê a gente já se encontra om um manual de cuidados instalados no nosso HD. Pode até ser que isso aconteça com algumas mamães robôs, na prática, a coisa é mais ou menos assim: "toma que o filho é teu"!!! Então, lá vamos nós descobrir a melhor posição da mamada, porque se não descobrirmos o mais rapido possivel ficaremos sem mamilos, na certa!. Temos que descobrir como melhor fazer o bebê fazer sua digestão, como deitar, interpretar choros e expressões faciais, os movimentos das perninhas que indicam as terríveis cólicas... e tudo  isso SEM MANUAL, gente!!!  Dormir ninguém mais sabe o que é, nunca mais! Depois vem o falar, o andar, a disciplina diária para ajustar oc omportamento daquele serzinho, lidar com temperamentos que se manifestam... ufa! Estão achando que isso não é nada mais do que a "nossa obrigação" não é mesmo? Tudo bem, se antes de sermos mães não fóssemos simplesmente MULHERES. Sim antes de ser mãe, sou uma mulher no mais amplo sentido, daquelas que tem medo de barata, de sapo, que não levanta e jeito nenhum para ver que barulho foi aquele no meio da noite. Não troco lãmpada nem faço consertos em casa (me poupe!). Sou uma ulher com todos os medos e com todos os sentimentos de mulher. E ainda tem gente que pensa que MAE é um ser assexuado. rsss  É quase!!! Ser mãe, boa profissional, esposa linda e dedicada é quase uma utopia, mas, é´preciso reconhecer e louvar o esforço de cada uma mulher que tenta equilibrar-se nessa montanha de obrigações e conceitos sociais. Esse desafio sim, assumi a cada saída da sala de parto de cada uma das minhas filhas. Sou muito grata a Deus por ter duas meninas. São pequeninas mulheres. Como eu mesma. O que parece facilitar meu encargo da maternidade. Vendo-as e acompanhando seu desenvolvimento, como mulher que sou, todos os seus sentimentos e comportamentos me parecem antecipados (eles se parecem muito comigo em temperamento). Nunca fui de "ta-ti-bi-ta-ti" com minhas meninas, não as apresentei a chupetas, nem mamadeiras. Sairam do peito direto para o copinhos e colherzinhas. Talvez eu seja uma espécie de mãe águia. Não  sei ao certo. Algumas vezes sou a mãe galinha mesmo, aquela que quer os filhos debaixo de suas asas.

Enfim, a mim, a medida que minahs filhas vão crescendo, aí sim, o sentimentos se multiplicam. Saimos da fase "trabalho braçal de mãe" para uma fase mais interessante. Hoje, minha filha maior já dá palpites das minhas roupas, é fã de justin bieber, adora tecnologia, e a menor já faz suas prórpias observações do mundo ao seu redor. Uma delas outro dia na escola pintou e fez uma bela apresentação de um quadro de Tarsila do Amaral. E eu, claro estava lá com filmadora em punho! Isso sim é o paraíso! Assim como receber todos aqueles cartõzinhos da escola com corações coloridos dizendo MAMÃE EU TE AMO.

 Temo o amadurecimento precoce dessas "pessoinhas" maravilhosas", elas estão muitos próximas de mim e da minha vida adulta, por isso, invisto algum tempo em programações que as ajude a prolongar sua infãncia. Hoje mesmo, ainda estamos de pijamas, tomando cafe as 10 da manha assistindo pela milesima vez ALVIN E OS ESQUILOS 3, GNOMEU E JULIETA e ENROLADOS... Daqui a pouco vamos a cozinha para fazer espetinhos de uvas cobertos de chocolate... Sim, mais hoje ´e o dia das mães ou o dia das crianças???? rsrsrsrsrrsrs

Bem definidos os padecimentos e o paraíso, fica então a questão: SER MÃE É OU NÃO É PADECER NO PARAÍSO????

Feliz dias das mães!!!!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Cotidiano: A ACADEMIA



Segunda feira, aquele dia clássico em que a maioria das pessoas amanhece cheio de culpa (pasme!). Culpa por ter passado o fim de semana inteiro dormindo, por ter participado daquele "almoção da família", na casa da mãe, da sogra, dos amigos... (não entendo o porque da culpa...) . Culpa por não ter feito absolutamente nada. Pois é.  Por ter cometido o pecado mortal do  "ócio proibido" , segunda-feira é o dia de ir ao templo sagrado para a redenção da alma (e do corpo) e se autoflagelar até ser perdoado. Esse templo hoje chama-se ACADEMIA DE GINÁSTICA! É incrível como esse ambiente - quase infernal - fica lotado de devotos-fiéis pecadores na segunda-feira. Mesmo não me sentindo assim, tão CULPADA pelo merecido descanso e, pelo pecado do ócio criativo, acabo sendo arrastada pelos hábitos modernos, globalizados, importados dos conceitos humanos altamente urbanos e vítimas do famigerado estresse que advém do trabalho, do trãnsito, do execesso de atividade (mesmo de lazer...). Então, como mais uma daquelas alcançada pela informação, depois de um dia de trabalho, de idas e vindas para cumprir todos os compromissos profissionais e familiares, e mesmo que meu corpo e minha mente implore apenas por um delicado e perfumado banho e uma comidinha leve, a razão me acusa: HOJE É DIA DE ACADEMIA. Mais que depressa, contra todos os apelos dos meus sentidos, inicio meu ritual de preparação: malha, top, regata, tenis (Nike, claro! porque academia é assim, tudo tem que ser "de marca", afinal todos olham), luvas de proteção, "squeeze" (garrafinha de água, não), suporte de braço para o celular ou aparelho de mp3, e, claro, o acesório indispensável: A TOALINHA para enxugar o suor do rosto a cada 30 segundos!!!
Pois bem, este templo sagrado da redenção do corpo e da alma, a mim, em particular - como imaginativa que sou (rssss) - se assemelha a uma éspecíe de cãmara dos porões medievais. É isso mesmo! Para resumir, uma espécie de "sala de toruturas", onde encontramos ali homens, mulheres, jovens, idosos, meia idade, onde,  indistintamente, todos passam pela mesma coisa: a tortura do corpo! Quase não se vê gente sorrindo, mas muitos músculos faciais contraídos e rijos demonstrando a extênuante carga que aquele ser humano está tentando superar. Uma sala cheia de aparelhos de ferro, hastes, barras, cordas, e ´pesos, muitos pesos ( me lembram grilhões de escravos, de prisineiros nazitas ou presidiários antigos... rsss). O mais chocante é que a maioria trabalha para a "superação". ou seja, quanto mais peso e força física que o ser humano pode realizar, mais lhe é aumentado o "castigo", Ops! quis dizer, "exercício". Mais moderna, arejada, "clean" e colorida do que a imagem acima, o espaço, na minha alucinada imaginação, me lembra sim, uma sala de tortura, com equipamentos feitos especialmente para nos causar dor, e como nomes tão esquisitos que mais parecem tirados de um livro de bruxaria... (rsrsrsrs), Os algozes RACK, POLIA, REMADA, ALTERES, EXTENSORA, FLEXORA, ADUTORA,  e aquele miserável chamado ELIPTICO, onde a pessoa dever passar primeiro por um teste de avaliação psicológica e coordenação motora para ficar naquele troço! E para piorar uma música agitadíssima acima de 100 decibéis, que endoida qualquer ser humano com sanidade mental! Enfim, que fique claro que não sou apologeta da feiura nem da gordura (longe de mim, isso).

Para minimizar todas essa nuances de imaginação, nada melhor do que usar a própria imaginação. Claro! Isso tenho de sobra. Enfrento com galhardia e languidez a  cruel esteira inclinada (moda nas academias) ao som de "as quatro estações de Vivaldi : Primavera". Domino com destreza a bicicleta estática assistindo vídeos da Marisa Monte, e MPB, de Chico Buarque, Elis Regina, Toquinho, e muita música orquestrada, de todo tipo, para tornar mais leve todos os pesos que levanto . Aproveito o momentos para apreciar as belezas reais e joviais, assim como reconhecer o esforço daqueles que orgulham-se de manter tudo  devidamente ajustado e protegido em suas leggins de suplex da melhor qualidade!!! É pra isso que serve minha fecunda mente criativa!

Qual o motivo dessa minha postagem? SIM, ESTOU PURIFICADA (pelo menos por hoje) acabo de dar minha cota de contribuição para os hábitos da modernidade com uma hora e meia de dedicação exclusiva a ACADEMIA DE GINÁTICA! Entendido, então. Se tiver curiosidade, é só comparar as fotos.





quarta-feira, 2 de maio de 2012


BILHETE

Tenho uma memória muito musical. Música faz parte da minha forma de pensar. Algumas vezes ouvi músicas e tentei imaginar os sentimentos cantados sem que eu mesma os tenha sentido. É muito provável que vez ou outra farei referência a alguma delas nas minhas postagens. Mas hoje, acordei remexendo meus sentimentos, e uma música veio embalar esse momento. "Bilhete", composta por Ivan Lins. Uma música forte. Quase visceral. Comparo-a a "Paralelas"  interpretada por Vanusa e "Atrás da Porta", cantada aos prantos por Elis Regina. Mas hoje eu recordei o meu próprio Bilhete. No Bilhete cantado, o início do fim é a "quebra" (QUEBREI O TEU PRATO), depois há uma demonstração desse rompimento - uma expulsão - quando  o verso afirma TRANQUEI O MEU QUARTO, e celebra para eliminar tudo o que fosse possível: BEBI TEU LICOR... Sim, estava tudo acabando, ou acabado. Era o ritual da separação. Mas, "o meu bilhete" foi bem mais simples, mas não menos intenso, nele apenas repeti o verso:

"Eu limpei minha vida, te tirei do meu corpo, te tirei das entranhas... FIZ UM TIPO DE ABORTO"!!!

Sim, "fiz um tipo de aborto emocional". 

Bilhete

Ivan Lins

Quebrei o teu prato, tranquei o meu quarto
Bebi teu licor
Arrumei a sala, já fiz tua mala
Pus no corredor
Eu limpei minha vida, te tirei do meu corpo
Te tirei das entranhas
Fiz um tipo de aborto
E por fim nosso caso acabou, está morto
Jogue a cópia da chave por debaixo da porta
Que é pra não ter motivo
De pensar numa volta
Fique junto dos teus
Boa sorte, adeus

 

 

terça-feira, 1 de maio de 2012

CONTANDO O TEMPO


CONTANDO O TEMPO

Quanto eu tinha uns treze anos de idade, eu comecei a pensar sobre o tempo. E nessa reflexão comecei também a "contar o tempo". Naquela época eu contava quantos anos a mais eu teria na minha vida. Nunca chegava a um número exato. A certeza era apenas de que, eram muitos, muitos anos, muito tempo. Quando fiz 15 anos, o que é um marco (ou era) na vida de uma menina, comecei a achar que o tempod emorava muito a passar, e, logo, queria ter 21 anos, ser independente. Chegada atão esperada maioridade civil, o relógio disparou! Logo fiz 23, comprei meu primeiro carro... trabalhava feito uma louca, e todas as decisões acssórias de quem acha que já pode governar sua própria vida. Na próxima sexta-feira, involuntariamente estarei contando o tempo mais uma vez. Dessa vez olha para o tempo passado e imagino tudo o que vi e vivi. Vejo muita coisa, e acho que o tempo foi pouco. pouquíssimo. Parece que nasci há muito pouco tempo. Sou uma criança (pelo menos me sinto assim). Mas quando procuro valor em muita coisa que pude ver na história da humanidade - e porque não dizer, na minha própria história) fico surpresa pelo tamanho significado dessa caminhada da humanidade, e de ver minha própria pegada na areia.

Sim, eu vi a ditadura militar no Brasil. Cantei - e nunca esqueci - de todos os hinos cívicos que cantávamos diariamente antes do início da aula. Como criança que era, o que eu via me fazia sentir segura. Era apenas uma crinaça na escola. Compreensível. Vi a "redemocratização do Brasil", a cinimatográfica - talvez dramática - campanha das "Diretas Já". Vi a guerra das malvinas, a guerra do Golgo Pérsico - preferi não tê-la visto mas era impossível barrar a televisão - a operação Tempestade no Deserto, a emocionante queda do Muro de Berlin, Mandela Presidente depois de cerca de vinte e cinco ou 27 anos de prisão - e saiu coma mesma dignidade que entrou. Vi o primeiro negro tomar posse como Presidente dos EUA e  Margareth Tatcher como primeira ministra. Vi a tv em preto e branco, a tv colorida e, claro, os celulares, e, mais ainda, o impressionante nascimento do mundio virtual, a internet! Então, a impressão que eu tenho é de que, eu sou uma criança ainda. Nasci ontem. Sim, passou-se pouco tempo. posso contá-lo ainda. Então, olho patra frente e penso: "o que ainda veremos"? Carros no espaços, como Hanna e Barbera  imaginaram há mais de 70 anos, e que nunca conseguimos construir? Guerras nucleares? Avatares? Tsunamis?... se pudesse escolher, veria crianças, bebês de colo, beijos apaixonados, árvores, rios, casas no campo. Sim, tenho muito tempo ainda para contar. ´No final desta semana com certeza contarei mais uma vez o tempo.

Glacy, A Viajante.
Boa Vista-RR, 01 de Maio de 2012.


A VIDA EM PRETO E BRANCO.

As cores e os tons neon da modernidade cintilam até ofuscar minha visão. Nossa era é de imagens, sons e sensações. Tecnologia,  movimento, rapidez. Seguindo uma observação antiga feita por uma velho amigo que me dizia: "nunca quero ser incapaz de compreender o mundo em que vivo", tenho eu, na minha crônica ansiedade, curiosidade e avidez pelas descobertas da vida, do tempo e do ser humano, trilhado o caminho dessa compreensão. Considero que, ao menos, modestamente, tenho navegado nesse mundo digital, virtual, acelerado, e porque não dizer, descartável! Apesar de tudo isso, posso eu, numa voluntariedade, por estilo de vida mesmo, me permito, fazer uso dessa magnífica tecnologia disponível, e navegar por uma espécie de máquina do tempo. Sim, faço isso. As vezes compro o passado para poder conviver mais pacificamente com o presente. Hoje mesmo, um dia calmo, onde pude desfrutar de algumas horas do luxo da privacidade e do silencio. Escolhi um filme em preto  e branco. Cinema mudo (quem diria, numa época de tanto barulho).  Acompanhada da minha fiel xícara de chá, acomodei-me confortavelmente no sofá, fechei as cortinas e comecei minha viagem no tempo. Assiti ao filme O GAROTO, de Charles Chaplin. 68 minutos da mais singela magia. Com a total privacidade de deixar cair uma lágrima de emoção tranquila e uma risada quase infantil. Um filme sem tecnologia 3D, 6D, sem animação digital, sem cor e sem diálogos. textos apenas. Curtísimos. Mas, recheado de arte, de música, de gestos, de olhares e sorrisos. Humor e drama disputam espaço entre a mente brilhante do produtor. Um filme pra rir e chorar. Um filme que mais emociona do que impressiona os sentidos. Um filme que nos faz sentir. Um filme em preto e branco. Talvez como a vida, que para ser bela não precisa de tanto aparato.

Recomendo, que pelo menos de vez em quando, possamos entrar na maquina do tempo e evocar os mais singelos sentimentos. Em preto e branco e... silenciosos, porém cheios de arte.